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Hipersensibilidade dentinária: causas, prevenção e tratamento

Hipersensibilidade dentinária: causas, prevenção e tratamento

01/11/2020

A hipersensibilidade dentinária (também conhecida como sensibilidade nos dentes) é uma condição que se caracteriza por uma dor aguda de curta duração e bem localizada. Diferentemente de outros problemas bucais, ainda não existe tratamento que resolva por completo este quadro, mas é possível controlar, aliviar e melhorar o quadro clínico.

Segundo um estudo realizado em 2018 na Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal de Minas Gerais, a hipersensibilidade dentinária pode chegar a acometer 84,5% da população geral. Além disso, o estudo relata que as mulheres parecem ser mais acometidas que os homens, ainda que isso não seja ao nível significante, e que qualquer grupo etário (da infância à melhor idade) pode sofrer com a condição.

O problema desse quadro é que ele afeta diretamente a qualidade de vida do(a) paciente acometido, pois, existem diversos fatores que podem provocar a sensibilidade nos dentes.

Por isso, hoje a Redeplus te explica quais as causas dos dentes sensíveis e como preveni-los ou tratá-los.

Causas da hipersensibilidade dentinária

No decorrer dos estudos da odontologia, diversas condições já foram teorizadas como causas para os dentes sensíveis. Mas, atualmente, a teoria hidrodinâmica de Brännstöm é a mais aceita.

Ela atribui esse quadro a um movimento mínimo de fluido no interior dos túbulos dentinários (canais microscópicos que irradiam por baixo da superfície do esmalte até a polpa do dente), provocando uma pressão no odontoblasto (célula responsável pela síntese de dentina) e estimulando as fibras nervosas adjacentes.

Em uma linguagem mais popular, pode-se dizer que quando a dentina (camada inferior ao esmalte dental) fica exposta, os estímulos externos ativam os nervos no núcleo do dente e causam essa dor aguda, curta e localizada. Além dos casos de dentina exposta, essa hipersensibilidade também é sentida quando se encontram raízes expostas por causa da retração gengival.

Entre os estímulos externos podemos citar pelo menos 3 tipos distintos. Veja só:

Estímulos térmicos

  • diferença térmica de alimentos (tanto frios quanto quentes);
  • choques súbitos de temperatura.

Estímulos químicos

  • Alteração do pH bucal pela influência ácida de restos de alimentos, açúcares, cáries e acúmulo de placa bacteriana.

Estímulos mecânicos

  • bruxismo;
  • escovação dental inadequada;
  • alguns hábitos bucais como roer unhas, morder objetos, etc.;
  • forças oclusais não balanceadas;
  • oclusões traumáticas;
  • estresse oclusal;
  • raspagem radicular ou cirurgia periodontal;
  • preparos cavitários e protéticos, etc.

Já a exposição da dentina pode ocorrer por fatores químicos como a acidez provocada pelas bactérias das cáries; físicos como abrasão provocada pela escovação inadequada; físicos-patológicos que causam o bruxismo e alterações no desenvolvimento dental; biológicos como disfunções gástricas que produzem ácidos que corroem o esmalte dental; e ainda traumáticos como quedas, boladas e impactos em geral na região do rosto.

Prevenção

Não ter dentes sensíveis não significa que você não possa desenvolvê-los. Por isso é muito importante atentar-se aos cuidados diários com a higiene bucal.

Recomenda-se que a escovação seja feita com uma escova de cerdas extra macias e sem muita aplicação de força para evitar o desgaste do esmalte dental. Você pode fazer a escovação pelo menos 3 vezes ao dia com creme dental com flúor ou de acordo com a indicação do seu dentista.

É necessário, também, evitar hábitos como roer unhas e morder/roer objetos constantemente. Além disso, recomenda-se a visita regular ao consultório odontológico para evitar que problemas de placa e tártaro provoquem a sensibilidade nos dentes através de estímulos químicos.

É importante atentar-se para a criação desses hábitos nas crianças. Você pode consultar nosso guia completo da saúde bucal infantil para saber como criar hábitos que vão durar a vida toda dos seus filhos.

Tratamento

A hipersensibilidade dentinária, assim como a permeabilidade dentinária, pode regredir espontaneamente, mas esse processo necessita de cuidados. O mais recomendado é que se busque auxílio de um(a) dentista assim que aparecerem os primeiros sintomas para que sua qualidade de vida não seja impactada.

Antes de iniciar qualquer tratamento, é necessário realizar um diagnóstico diferencial para descobrir se a causa da sensibilidade nos dentes não está ocorrendo por outros problemas bucais com sintomas parecidos.

Após o diagnóstico, o(a) dentista pode indicar a redução da força na hora da escovação, o uso de escova com cerdas extra macias e o uso de creme dental específico para sensibilidade nos dentes ou com alta concentração de flúor para a restauração do esmalte dental. Além disso, recomenda-se a remoção de alimentos ácidos da dieta e que a escovação só seja realizada 30 minutos após as refeições.

Para casos mais severos de hipersensibilidade dentinária, o(a) dentista pode realizar terapias com agentes como cloreto de estrôncio, nitrato de potássio, fluoretos, partículas de gel bioativo e oxalatos, ou ainda, resinas compostas, cimento de ionômero de vidro, lasers, iontoforese, terapia cirúrgica mucogengival de recobrimento radicular e pulpectomia.

Vale ressaltar que esses tratamentos visam controlar, aliviar e melhorar o quadro clínico do(a) paciente, ainda que com todos os cuidados necessários, pode-se levar uma vida normal como se a sensibilidade não atingisse seus dentes.

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Dra. Daniela Garbin Neumann

CRO/SC 5990 - Cirurgiã-dentista formada há 24 anos pela UFPR, tem mestrado e doutorado em Odontologia pela UFSC, na área de saúde coletiva - com estágio na Universidade de Toronto, Canadá. Pela sua tese de doutorado, foi premiada no Prêmio Capes de Tese 2015, e recebeu menção honrosa na Academia Catarinense de Odontologia.⠀ ⠀

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