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Deglutição atípica nas crianças: riscos e como tratar

Deglutição atípica nas crianças: riscos e como tratar

22/10/2021

É comum que, no início da alimentação sólida, seu filho não consiga mastigar muito bem, deixe escapar alimentos, faça ruídos ou mantenha muita tensão no queixo, por exemplo. Mas, quando persistentes, estes podem ser sinais de deglutição atípica na criança. Se não corrigida, ela pode trazer consequências para a saúde e o desenvolvimento infantil.

A deglutição atípica pode ocorre por uma série de fatores e estar relacionada a questões ortodônticas. Por isso, preparamos este material para ajudar na identificação dessa disfunção e mostrar os riscos de não tratá-la. Siga conosco para entender como corrigir esse problema o mais cedo possível.

O que é e como ocorre a deglutição?

Antes de falarmos sobre a deglutição atípica, cabe uma explicação sobre o processo da deglutição em si, que nada mais é do que o ato de preparar os alimentos para ingeri-los, levando o bolo alimentar da boca para o estômago. Esse processo ocorre em quatro fases. 

A primeira fase — preparatória — consiste na mordida e mastigação dos alimentos, a fim de formar um bolo alimentar. Na segunda — a fase oral — ocorrem os movimentos da língua, em onda de frente para trás, para levar o alimento até o fundo da boca.

A terceira fase é a faríngea, onde o palato mole se fecha para impedir que o alimento vá para as vias aéreas. Em seguida, a parede posterior da faringe se espreme contra o dorso da língua e o bolo alimentar desce para o esôfago. É quando, literalmente, engolimos o alimento.

Na quarta etapa, que é a esofágica, o corpo usa contrações musculares — os chamados movimentos peristálticos — para transportar o bolo alimentar do esôfago até o estômago.

O que causa a deglutição atípica?

A deglutição atípica acontece quando o processo da deglutição não segue da forma que acabamos de descrever. Isso ocorre na fase oral do processo e  pode ter como causa algum problema ortodôntico (como maloclusão ou mordida aberta).

Mas a deglutição atípica também pode se dar por outros fatores, como a postura inadequada da cabeça, problemas de mobilidade ou propriocepção (dificuldades em compreender a localização espacial) da língua, dos lábios, das bochechas e do palato mole.

Quais os sinais de deglutição atípica na infância?

Os problemas que levam à deglutição atípica em crianças dificilmente são identificados pelos pais, já que exigem avaliação especializada. No entanto, há como perceber se seu bebê tem essa disfunção observando alguns sinais durante a alimentação:

  • restos de alimentos na boca após a deglutição;
  • tensão no queixo;
  • ruídos ao engolir;
  • escapes de alimentos na hora da deglutição;
  • vedamento excessivo dos lábios;
  • falta de contração na mandíbula (arcada dentária inferior) e/ou
  • contrações no pescoço.

Se você identificar esses sintomas no seu filho, procure um odontopediatra para realizar uma avaliação definir o tratamento adequado, que pode envolver o acompanhamento de um fonoaudiólogo.

O que pode ocorrer se a deglutição atípica não for corrigida?

É sempre bom ter em mente que a deglutição atípica é, em geral, consequência de algum outro problema que precisa ser detectado e tratado. Quando isso não acontece, essa disfunção pode evoluir para outras condições, chamadas de distúrbios orais miofuncionais. Entre eles, podemos destacar:

  • presença de baba;
  • diminuição de tônus (elasticidade);
  • lábios entreabertos;
  • projeção anterior da língua;
  • problemas de mastigação;
  • alterações na respiração;
  • dificuldades na fala e
  • má postura corporal.

Se o problema da deglutição atípica for relacionado à maloclusões, a não correção pode trazer ainda outras consequências comuns aos problemas causados pelos dentes tortos.

Quais os tratamentos indicados para corrigir a deglutição atípica?

Felizmente, a deglutição atípica é uma disfunção que pode ser facilmente diagnosticada quando bem avaliada por um profissional qualificado. Dependendo da causa do problema, o dentista determina qual a conduta mais adequada naquela situação. Basicamente, são usadas duas estratégias de tratamento, como explicamos na sequência.

Terapia miofuncional 

Realizada por um profissional de Fonoaudiologia, esse processo ocorre em conjunto com o dentista. Baseia-se em desenvolver o equilíbrio das estruturas musculares atingidas por meio de exercícios de relaxamento, de postura, e de respiração. 

Esse tratamento desencadeia o fortalecimento e o tônus muscular que, por sua vez, levam à melhora, também, da própria deglutição, promovendo a reabilitação deste ato.

Tratamento ortodôntico

Este processo pode ser dividido em duas situações. O primeiro é quando a deglutição atípica na criança está relacionada ao mau posicionamento da língua, sobretudo na fase da dentição mista. 

Neste caso, pode ser usado um aparelho removível, em forma de U, conhecido como “corretor de hábitos”. Segundo estudos, o uso noturno por um período de 12 meses, pode levar ao restabelecimento da posição da mandíbula. 

Já quando a deglutição atípica está ligada a maloclusões, mordida aberta ou cruzada, o tratamento pode incluir o uso de aparelho fixo ou móvel, conforme a avaliação do ortodontista. 

Há casos em que, após o tratamento ortodôntico, o paciente continua com a deglutição atípica, pois seu organismo se habituou a deglutir dessa forma. Nessas situações, pode ser necessário adotar a terapia miofuncional.

Quando procurar ajuda especializada?

Vale destacar que, quanto mais cedo é realizado o diagnóstico da deglutição atípica, mais simples pode ser o tratamento. Esse cuidado evita a evolução dos distúrbios orais miofuncionais e, com isso, a necessidade de outros tratamentos.

Se você percebeu algo incomum na mastigação do seu filho e queira esclarecer suas dúvidas sobre esse assunto, entre em contato com a nossa equipe e agende uma avaliação com a odontopediatra da Redeplus Odontologia, no Rio Tavares, em Florianópolis.

Estamos sempre à sua disposição!

Andrea Labes Vaz de Lima

CRO-SC 11453 - Dentista com especialização multiprofissional em Saúde da Família pela UFSC, pós-graduada em Prótese Fixa (ILAPEO) e especializanda em Prótese Dentária (CEOI).⠀

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